3 de fevereiro de 2011

Emocionalmente Independente

Ultimamente (mais especificamente desde meio/fim do ano passado quando a possibilidade de transferência do marido estava quase iminente, mas passô-passô-passô!!!) uma preocupação tem gravitado sobre minha mente: como? Como? Como criar minha filha para ser emocionalmente independente?

Antes da Júlia nascer, a gente se mudar ou não de cidade era uma preocupação que abordava unicamente minha vida profissional e, nesse caso, há sempre como se dar um jeito (procurava modestamente pensar: “tudo bem, tudo bem... se no ruim no ruim de tudo der errado, quem tem competência se estabelece”) e mulheres de militares sabem bem do que estou falando...

Eis que um dia o marido diz: existe a possibilidade de sermos transferidos para “Cabricocó do Norte”... a mulher-esposa diria nesse momento: “tá, ok... vamos entrar na internet e ver o que tem de bom em Cabricocó do Norte” (isso, claro se Cabricocó do Norte não for uma cidade no meio da Amazônia onde só se chega de barco ou helicóptero, nesse caso a mulher-esposa diria: P*%#@*&). Enfim... acontece que a mulher-esposa-mãe na hora pensou: “Cacete, a Julia está tão adaptada na creche e a creche é tão boa. Será que em Cabricocó do Norte tem hospitais bons, como será o ensino lá? Julia vai entrar na alfabetização então tem que ter escolas minimamente decentes... e os amiguinhos? Gente e os amiguinhos que ela já fez aqui??? Será que ela vai sentir falta dos amiguinhos? E dessa casa, onde ela nasceu, onde aprendeu a andar e a brincar???... “ e aí nesse momento quase cai uma lágrima de tristeza, medo e uma saudade por ela...
Nesse instante caiu a ficha do emocionalmente independente e essa preocupação nomeou meu 34º fio de cabelo branco até que – ufa!- não vingou!

Nem sei se esse termo existe, mas explicando o que eu quero dizer com emocionalmente independente, é isso: é fato que transferências vão ocorrer por toda a nossa vida... pelo menos até o marido reformar... (se não foi agora, será em algum momento) e aí como ensinar minha filha a lidar com isso? Como criá-la de uma forma tal que ela consiga ficar bem em qualquer lugar que esteja, com pessoas novas ou amigos antigos? E pior, será que isso se ensina? Ou se orienta? Ou se prepara? Pra mim é o eterno dilema da educação, que já citei outras vezes: “como educar para a vida?”

Essa característica dela de bebê-agarradinha me preocupa também nesse ponto … será que o apego que ela demonstra comigo pode se repetir por exemplo com relação a amizades (ou lugares, ou situações) no futuro? Será que o fato dela ser tão carinhosa como é pode se tornar uma fraqueza nesse sentido?

No meio militar (tão distante da minha criação) tenho ouvido diversos relatos de pessoas que têm um quase-trauma de tanto que se mudaram de cidade, que não conseguiram estabelecer um vínculo sólido de amizade com ninguém por conta disso e que tinham pânico toda vez que se mudavam de cidade e pensavam em ter que de novo fazer amizade, de novo ser aceita, recomeçar todos os laços (e muitas vezes tendo que se desfazer dos anteriores). Imagina? Que sofrimento deve ser? O que uma mãe pode fazer nessas horas? O quê? O quê? O quê?
Bem... acho que tenho mais alguns anos (espero!) para descobrir. Aceito sugestões.

Ah sim, em tempo, Cabricocó do Norte é cidade fictícia, ok?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails