7 de janeiro de 2011

A logística do desfralde


A nuvenzinha cinza sobre minha cabeça ainda não foi embora.. ainda não veio aquele solzinho no fim da chuva que traz o arco-íris (a despeito das unhaspink-fluor)... mas... como mãe que é mãe não tem mesmo tempo para ficar deprimida... cá estou eu às voltas com o desfralde de Pissuca e toda a logística que isso envolve. E sobre isso segue mais um dos meus post-gigantes (e esse é um daqueles gigantes-titãs, mas é que o assunto promete)!

Claro que fui estudar o tema e todos os seus tópicos: idade ideal; momento ideal; como é o processo; as “ferramentas” de apoio; as questões psicológicas (dela e minhas, já que minha Pissuca vai abandonar a última das características que ainda a separa de ser minha bebezinha para ser minha menininha). E claro também que minha alma (profissional) de gerente de projetos não me fez abster de todo um planejamento (com direito aos meus famosos checklists) … enfim, tudo para facilitar e passarmos todos por essa transição da forma menos traumática para ela (e, de novo, para mim, pois já ouvi horrores sobre esse período).

A primeira preocupação é: quando desfraldar? Bem, nesse caso não foi um dilema para mim, fui pela orientação da escola: eles iniciam o desfralde aos 2 anos e dizem que é a idade recomendada, mas já ouvi dizer que isso não é regra e que tem crianças bem mais novas que já desfraldam e que essa história de 2 anos seria para encher ainda mais a burra de dinheiro dos fabricantes de fraldas descartáveis. Enfim ... prefiro me ater a outros argumentos como os que levam em consideração a maturidade da criança tanto fisiológica (controle dos esfíncteres), como motora (conseguir descer e subir a calcinha; falar para avisar que quer ir ao banheiro e andar, claro – embora já tenha lido que o bebê da Gisele Bundchen começou a usar o troninho com 6 meses … sem comentários); além também da psicológica. Uma dica interessante que li no site da Pediatria Radical (Dr. Karp) sobre como identificar se é a hora do desfralde é se o filho já consegue descer e subir escadas, pois significa que ele já têm habilidade motora suficiente e também dá indicações que ele já controla os esfíncteres (!)... Ok... mais 1 ponto pra Pissuca, então vamos começar!

Com isso, compartilho com vocês algumas dicas que li e ouvi por aí, algumas eu já conhecia, outras já imaginava fazer mesmo por intuição, então segue aí para quem está, ou em breve estará, ajudando seu filhote a virar uma criancinha crescidinha que faz xixi igual gente grande. Pissuca começou o processo essa semana na creche, daqui a alguns dias eu posto os resultados e digo o que funcionou (ou não)de tudo isso.
Na verdade, já vinha fazendo algumas coisas por intuição mesmo (sem nenhuma pretensão ou previsibilidade) e que algumas pessoas disseram que deve ajudar no processo:
  • sempre me viu fazendo xixi e cocô e dando descarga: “tchaaaau cocozãaaao” (e de que forma a mãe aqui poderia fazer seu xixi e seu cocô com uma filha carrapatinha como a minha?).
    Aqui tem um lance psicológico que eu li em algum lugar (desculpe mas não lembro onde) que algumas crianças ficam tristes ao verem ir pelo ralo (literalmente) algo que saiu de dentro delas e que fizeram tanto esforço para produzir e bla bla bla... ai sei lá... não sou psicóloga, mas não acho que isso faça sentido para uma criança de 2 anos... enfim... de qualquer forma acho que a Julia não passará por isso.
  • sempre mostrei a ela o “xixizão e o cocozão fedido da Julia” então ela não vai se assustar.
    Li sobre casos de crianças que ficaram chocadas ao ver um cocô pela primeira vez e ainda mais quando perceberam que aquilo ali saía de dentro delas.... (confesso que alguns são assustadores mesmo!)
  • sempre controlei os horários dos cocôs (e ela é um reloginho) e as posições e caras daquele “momento só dela”, não por já estar pensando no desfralde, mas para evitar cocôs fedorentos e toda a faina de limpar cocô durante os passeios (quando era bebê a hora de sair era depois da mamada das 3hs; e depois que ela cresceu mais um pouquinho era depois do cocô da manhã).
    Isso vai ajudar a levá-la ao peniquinho quando o dito estiver a caminho. Mas com relação a esse negócio de ficar observando o momento da “hora H” tenho um certo receio pois li a respeito de uma tal de “prisão de ventre de fundo emocional” que acontece quando a criança é interrompida na sua concentração para fazer o cocô com a mãe pegando-a enlouquecidamente para levá-la ao penico e, chegando lá, claro, a vontade vai embora gerando uma frustração na mãe e consequentemente um medo da criança em decepcioná-la, fazendo-a segurar o intestino das próximas vezes... Bem.. vou tentar não passar nenhum tipo de ansiedade nesse quesito, vamos ver como vai ser..
  • ah! E ela já foi apresentada ao penico! Viu e até sentou no peniquinho dos priminhos em Brasília (mas a relação não passou do “muito prazer”... nada de mais efetivo aconteceu).

A seguir um consolidado do que eu li e algumas observações pessoais a respeito (peço novamente desculpas mas fui só reunindo as informações e me esqueci de anotar de qual site, mas foi resultado de pesquisa no nosso amigo google):

  • Etapas do desfrade: avisar que precisa ir ao banheiro, despir-se, limpar-se, dar descarga e lavar as mãos.
      * comprei um livrinho jóia que mostra essas fases para ela (ver no checklist ao final do post)
  • Usar reforço positivo. Elogie a criança. Não deixe de elogiá-la quando ela lhe disser que
    está com vontade de ir ao banheiro, mesmo que a iniciativa tenha sido sua e não brigue se ele esquecer de avisar. Faz parte do processo.
      * reforço positivo seeeeeempre! Esse sempre foi meu lema (aprendi com o Hector e funciona direitinho com a Julia também): toda vez que ela faz algo positivo recebe muitos elogios, beijinhos, abraços e festinha e agora não será diferente. Minha cunhada deu a dica de dar adesivinhos de brinde sempre que usar o penico e achei uma idéia bem legal (tem até no livro que comprei pra ela).
  • Tentar iniciar o processo no verão pois no inverno fazemos mais xixi (porque transpiramos menos) e ficar molhado, mesmo por um curto período de tempo, é bem mais desconfortável no frio. Além disso, há a dificuldade logística de lavar uma porção de roupas e calcinhas ou cuecas com tempo frio e chuvoso ou deixar colchão secando caso aconteça algum acidente noturno.
      * também tive sorte com isso, pois iniciei agora em janeiro... verãozaço!
  • Para começar, deixe a criança sentar no peniquinho uma vez por dia, sem tirar a roupa, criando assim uma rotina.
      * essa dica não estou seguindo não.. já levo ela para o peniquinho e tiramos a calcinha. Tô considerando o reconhecimento inicial já feito com o peniquinho dos priminhos em Brasília.
  • Deixe-a livre para sair quando quiser, sem forçá-la a ficar. A espera sentada não deve exceder 5 ou 10 min.
      * ah claro... não forço ela nem a comer quando não quer... imagina a fazer xixi e cocô. Basta um “xixi não, tá mamãe?” para eu dizer: “tudo bem” e voltamos ao que estávamos fazendo.
  • Quando a criança evacuar na fralda, procure levá-la ao banheiro, para jogarem juntos as fezes no sanitário.
  • Uma criança que evacua regularmente, quase todos os dias, no mesmo horário, tem mais facilidade em largar as fraldas do que uma criança cujo intestino é irregular.
      * tô confiante nisso!
  • "uma vez tirada, jamais colocada".
      * essa foi uma orientação da psico-pedagoga da creche e eu também li algumas recomendações desse tipo, mas como tento não ser radical em nada com a Julia, acho que não vou seguir essa regra não (a princípio, pelo menos até eu perceber que possa estar realmente prejudicando o processo). Minha intenção é usar pelo menos aquela calcinha de treinamento (ou fralda de transição, como preferirem) para as saídas de casa até que ela esteja realmente adaptada à nova situação; quero evitar a frustração que eles sentem quando o xixi/cocô escapolem (e na rua, isso deve ser pior), além, é claro, de mais uma vez evitar a faina. Na ida e volta da creche ela está usando as fraldas mesmo e quando vai ao parquinho também (como disse, pelo menos por enquanto).
  • Deixe que a criança permaneça uma parte do dia sem fraldas. Quando evacuar, sem a proteção da fralda, sentirá desconforto e incômodo ao permanecer suja. Naturalmente, a criança começa a dar sinais, solicitando que seja levada ao sanitário antes de deixar escapar nas roupas.
      * huuum vejamos se ela vai ser fresquinha... rs..
  • O penico é muito importante, pois proporciona à criança a segurança e o apoio dos pés no chão, o que não acontece no vaso sanitário. A posição natural que o penico impõe torna mais fácil a evacuação. Superada essa fase inicial, é importante colocar a criança no vaso sanitário de adulto (com a tampa infantil) para que ela adquira estímulo e responsabilidade, além de, é claro, sentir-se como gente grande!
      * o penico, mesmo já tendo um assento redutor, sempre foi minha opção também por pensar, além do que foi citado, em dar uma independência para ela poder ir sozinha quando se sentir preparada.
  • Sim, ele vai se sujar inúmeras vezes, então deixe-o com o menor número de roupas possível, de preferência descalço e sempre tenha um balde com pano de chão e desinfetante à mão.
      * bem.. quanto a isso não tenho dúvidas … rs... tenho procurado deixá-la mais de vestidinho para facilitar na hora de usar o peniquinho e meu kit acidente doméstico já está a postos (inclusive separei 2 panos de chão somente para esses casos, quem já teve cachorro dentro de casa sabe bem como funciona essas coisas... rs..). Separei também um balde somente para colocar as roupas “acidentadas”de molho.
  • Deixar brinquedos, revistas, livros de histórias próximos do penico ou para o banheiro, para entreter e distrair criança até que consiga evacuar.
      * essa ainda não experimentei
  • Para ficar sem fraldas no carro, compre tapetes higiênicos em pet shops e ponha-os na cadeira. Caso ele faça xixi, o tapete absorverá e a cadeira fica intacta.
      * essa dica é daquelas sacadas da manga... eu jamais ia imaginar isso e é uma solução bastante prática para as primeiras saídas de casa sem a fralda de transição. (lembrei até do Hector... quando era filhote e a gente foi viajar para Brasília de carro pela primeira vez: no caso dele tinha uma pequena diferencinha que a gente só percebeu depois de 12 horas de viagem: esses tapetes têm um odor que só os cachorros sentem que estimulam eles a fazerem xixi; no caso dos cães, esses tapetinhos são para ensinar onde eles devem fazer o xixi... e a gente não entendia porque de 2 em 2 hs a gente descia com ele para fazer xixi e ele cheirava, cheirava todos os postes mas só fazia o xixi mesmo quando voltava pro banco do carro...(ic .. ic!)
  • Acidentes irão acontecer. Acontecem até com os adultos! Castigar a criança nunca, pois mesmo depois que a evacuação no sanitário torna-se uma rotina em sua vida, ela ainda perde a noção do tempo: espera a dor apertar até resolverprocurar o banheiro (principalmente se estiver numa atividade ou brincadeira interessante). Elogie sempre os progressos!
      * ah isso nem precisa comentar... em todas as experiências que li, todas as mães focaram num ponto em comum: paciência... muuuita paciência e uma amiga mãe de um amiguinho da Pissuca que já iniciou o processo disse uma verdade: “eles não vão fazer 18 anos fazendo xixi nas calças”, então.. é um processo transitório, mais uma fase de desenvolvimento para eles que a gente precisa, acima de tudo, dar apoio sendo pacientes e positivos.
  • Desfralde noturno: A fralda noturna só deve ser abandonada depois que a criança conseguir se livrar de vez do uso durante o dia. Isso leva em média quatro meses, mas a referência mais importante é que a fralda acorde sequinha por vários dias seguidos, no mínimo uma semana.
      * bem... esse é ooooutro assunto. Como diria o marido: “uma guerra de cada vez”. Quando for o momento a gente fala sobre isso.

Receitinha de bolo (que nem sempre funciona mas que é sempre um bom começo):

semana: Leve seu filho ao banheiro para fazer xixi a cada duas horas. O horário de fazer cocô deve ser o que a criança está acostumada. Nessa primeira etapa, é importante que os pais fiquem ao lado dela, esperando ele terminar de fazer as necessidades. A dica aqui é não apressar a criança: deixe-a demorar o tempo que for preciso. Terminada as necessidades, limpe a criança e coloque uma cueca ou calcinha nela. Mostrar entusiasmo e orgulho por ela ter usado o banheiro também ajuda. Uma coisa que ajuda no processo é vestir a criança com cuecas e calcinhas com desenhos coloridos, incentivando-a a usa-las.
* nessa primeira semana eu estou sendo um pouco menos otimista e estou levando ela de 30 em 30 minutos até eu perceber mais ou menos quanto tempo ela demora para ter vontade; as calcinhas com desenhos coloridos... bem... há controvérsias, veja checklist abaixo.

semana: Dê continuidade ao processo aplicado na primeira semana, com uma diferença: desta vez deixe-a sozinha e peça que ela chame quando tiver terminado. Não se desespere se ela fizer alguma coisa errada depois de tanto tempo de esforço, pois é normal isso acontecer. A dica é não brigar com ela e dizer que foi apenas um deslize, mas que dá próxima vez ela irá conseguir.

semana: Não a leve mais ao banheiro. Deixe que ela decida quando quer e peça para ir ao banheiro. A dica é perguntar, pelo menos quatro vezes ao dia, se ela quer fazer xixi ou cocô.


Meu checklist para o desfralde:
  • redutor de assento (isso quando a gente se mudou para a casa nova, já compramos um assento com esse redutor para o banheirinho dela)
  • providenciar um banquinho para ela apoiar os pés quando for usar o vaso com assento redutor (esse apoio é importante para que ela possa fazer principalmente o cocô e também se sentir segura)
  • penico que toque musiquinha pois ela ama qualquer coisa que se refira a música (comprei um que tem um sensor, qdo ela fizer xixi/cocô ele automaticamente toca uma musiquinha – tem outros que tocam também, mas tem que apertar um botão - e tem também lugar para o papel higienico - afinal também é preciso ensinar a higiene: meninas de frente para trás, os meninos não sei se a balançadinha é a orientação oficial nesses casos - e uma descarguinha - educação né minha gente!)
  • livrinho sobre desfralde (comprei “A hora do penico para meninas”, achei legal pois as imagens são de fotos de criança o que dá uma certa identificação e vem com adesivos para dar como recompensa; é bem baratinho e como a Julia gosta de ler livrinhos, acho que é uma boa introdução para ela)
  • calcinhas de treinamento (poucas, somente para os passeios)
  • kit acidente doméstico: balde, desinfetante e 2 panos de chão específicos + balde para roupas de xixi/cocô
  • 30 calcinhas (das beeem baratinhas já que vão ser bem surradas nesse processo e essa quantidade não dá para comprar aquelas das mais bonitinhas -e mais caras- como recomendado; e por que 30? Bem... só a creche está pedindo 12 por dia e definitivamente não está nos meus planos lavar calcinhas todas as noites, então estou comprando uma quantidade com folga; nessas lojas populares consegui comprar a 1,99 cd uma – tá de bom tamanho né? Baratinhas, mas honestas, preocupei-me em comprar das de algodão e sem rendinhas para evitar alergias ou coceiras ou maiores incômodos)
  • adesivos bonitinhos para dar como recompensa (além das festinhas, é claro) a cada xixi/cocô no peniquinho (estou ansiosa para ver toda a parede do banheiro cheia de adesivinhos)

E é isso! Vamos ver o desenrolar dos fatos (até porque ainda não passei um dia inteiro com ela só de calcinha em casa, só o período da chegada da creche até ir dormir)... A psico-pedagoga da creche disse que meninas são mais propensas às regras sociais que meninos, o que dá a esperança do processo ser mais rápido... mas como eu nunca confio muito nessa história de meninos são assim e meninas são assado (a dizer pela lenda de que meninas são mais quietinhas que meninos... humpft..... eu que sei!), prefiro aguardar...
Aguardemos então... e de minha parte pretendo agir como em todas as outras fases desde que Pissuca nasceu: seguindo minha intuição e fazendo o que meu coração disser que é certo (e tem funcionado até aqui), mas sempre respeitando o tempo dela.
Na verdade a principal dica de todas que eu li foi essa: o tempo do desfralde é dela, e não meu!

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