2 de maio de 2010

Mil e uma!!! Mil em 1!!! Matrioshka... mãe, mulher

Bom... Dia das Mães chegando (o meu 2º) e, separando os textos para colocar aqui, li um que achei legal pra começar... de um período que foi bem complicado (senão o mais!) logo que a Júlia nasceu e bem na época do meu 1º Dia das Mães.
Um período de muitas angústias... Na verdade é um texto bem amplo que até mostra um pouco (ou muito) de mim... É longo sim ( desculpa aê quem me lê, prometo que nem todos os meus textos são assim tãooo enooormes), mas achei legal colocá-lo por que é fato que os primeiros meses após o parto são realmente complicados para muitas mães, cada uma com suas próprias angústias e achei legal começar o blog dizendo que as coisas melhoram viu? Pode até parecer que não, eu mesma muitas vezes tenho que me esforçar para acreditar nisso, mas lendo esse texto percebi como em 1 ano as coisas realmente se acalmaram (tá certo que outras questões surgiram.. mas aí é história para ooooutros posts, né não?!).



**** Texto registrado em 17/05/09 - Pissuca com 6 meses ****

Anderson tá viajando.. e eu fiquei por conta de tudo (como sempre)... tendo que dar conta de 3 obras ao mesmo tempo em casa (o pessoal da cooperativa para arrumar os defeitos da casa nova; o pessoal do S Ze Ferreira colocando a cerâmica lá fora; mais o pintor pintando dentro de casa) e isso com a Julia dando alteração (sem dormir, chorando horrores, só querendo ficar no meu colo... não consigo fazer nada sem ela estar no colo e isso está cada vez me angustiando mais pois está chegando mais perto o dia que eu vou precisar deixá-la na creche para ir trabalhar e eu sei que ninguém vai ficar com ela o tempo todo no colo). Minha mãe dando alteração também pela falta do meu pai [e.t.:meu pai morreu em nov 2008, qdo eu estava grávida de 8 meses], dizendo que está se sentindo sozinha  (e aí configura-se minha angustia n. 2, que filha sou eu que não consegue fazer bem pra sua própria mãe? Puxa eu tenho tentado, juro, tenho feito de tudo pra ela ficar bem desde que meu pai morreu, mas nunca, nunca é suficiente). Nem boa mãe, nem boa filha... total incompetência.

Sem contar a moça que tá trabalhando aqui em casa (surdadoidamaluca, como diz o Anderson e a propaganda da Nova Schin - a do telemarketing) que começou a dar alteração também. Tá me tirando do sério. Só quer fazer do jeito dela e quando ela quer... não adianta nada que eu diga. Guarda louça suja, quebra as coisas e agora deu para virar as costas e sair pela casa resmungando sobre mim quando peço a ela alguma coisa.

E, ainda, trabalhando... (de licensa no emprego, mas trabalhando no EaD).

O único no contexto que não tem me dado trabalho é o Héctor ... [e.t.:nosso bulldog inglês] ( aliás... desde que a Julia nasceu e a gente veio pra casa nova que o seu instinto superprotetor aflorou. Não sei se é o cheiro do leite que de repente remete a ele o instinto de que tem um filhote que ele precisa proteger (principalmente quando o Anderson viaja). Quando estou amamentando ele sempre está por perto, muitas vezes aos meus pés (e eu fazendo carinho nele com o pé); se a Julia chora ele vem pra ver o que é.... está dando até pra ficar bravo com estranhos (ele que nunca rosnou nem pra outros cachorros na rua). Um dia ele avançou no moço da Telemar que vinha instalar o telefone (eu estava amamentando a Julia lá em cima e o Anderson estava viajando) e ele nunca tinha feito isso na vida!

Bom... voltando... Daí... li um artigo numa revista sobre aquelas bonequinhas russas uma dentro da outra, as Matrioshkas (ou Baboushkas, ou Matrioscas). Essas bonecas representam a família (tradução literal de Matryoshka é “mãezinha” – mãe = mater e oshka=o diminutivo). Veio bem a calhar, essas bonequinhas são a representação do momento em que estou vivendo (e, confesso, sempre fui meio mil em uma mesmo e sempre gostei disso).

O artigo dizia que todas nós carregamos conosco muitas matrioscas (que me lembrou também, como mesmo conceito, a conversa do Shrek com o Burro sobre as camadas da cebola): temos uma aparência externa, a grande matriosca, a que todo mundo vê e no interior, várias outras, parecidas, cada uma delas com suas “atribuições”, qualidades e defeitos.

É... eu sempre tive essas muitas camadas... sempre gostei de ter tudo sob meu controle (a vida em minhas mãos, pra ser bem piegas). Sempre, a vida toda fui responsável por tudo e no casamento não foi diferente (sempre organizei as contas, fiz os pagamentos, organizava a casa, as consultas médicas eram por minha conta agendar e pepinos em geral também caíam na minha conta), mas agora, depois do nascimento da Julia... sei lá... não tô segurando a barra não, parece que tudo saiu do lugar e eu ainda não encontrei a arrumação certa dentro de mim.

Agora além de esposa (que tem que se virar nos 30 por conta das muitas viagens do marido); filha (mas agora filha única de uma mulher viúva que tá precisando de toda a atenção do mundo – e de outra cidade ainda), funcionária dedicada (ou que tenta ser) na empresa e a professora de pós-graduação Ead (que tem que estar disponível 24hs por dia para correção das tarefas, dúvidas de fóruns e emails algumas vezes desaforados de alguns alunos de pós graduação que acham que já sabem tudo); agora sou também Mãe (nossa, que palavra forte! MÃE, responsável por uma bebezinha tão inocente, tão dependente.... e também.. tão chorona, tão agarrada, tão tão tão ... e tão linda ). E no momento também acumulo a camada de mestre de obras e de entidade com a paciência sem limites pra agüentar D Ana [ e.t.: a moça que trabalhava em casa na época]. Tudo isso com os hormônios em ebulição de pós-parto-amamentando que só quem já foi “mulher parida” sabe o que é – essa (a "mulher parida") também pode ser caracterizada como mais uma camada, já que muitas vezes tem vontade própria e sai passando por cima de todas as outras.
Aff... tenho que dizer.... tá puxado pra mim! Tantas pessoas dentro de mim estão me deixando totalmente confusa e com os sentimentos todos atrapalhados e ainda não encontrei a chavinha que agora liga a mãe da Julia, agora liga a mulher do Anderson, agora liga a dona de casa, agora sou a filha da Iranice. Puxa, sou uma só e tudo implica em tudo, mas às vezes sou mãe quando devia ser a esposa ou a filha (essa ultima troca às vezes se faz mesmo necessário) ou assumo o papel de filha, deixando de lado o de esposa; outras vezes devia ser a professora, mas não consigo deixar de ser a mãe e... pior.. me questionando nesse novo papel (eu amo demais minha filha, claro que quero cuidar dela da melhor forma, claro que adoro cuidar dela, mas as vezes sinto que preciso de um tempinho... Não consigo ir fazer um cocô... E aí qdo às vezes fico nervosa ou sem paciência fico me sentindo uma monstra, como se não merecesse ser mãe ou como se não soubesse ser mãe). Resumindo: um caos dentro de mim!

É... e com tudo isso tem o miolinho da matriosca, o meu eu mais íntimo (aff... outra pieguice) que eu acabei me esquecendo (e que realmente está bem esquecida...) a mulher Tatiana. Aquela que também tem sentimentos, vontades e que também precisa de suporte (mesmo sendo essa o miolinho da bonequinha que deve sustentar todas as outras – ou talvez justamente por isso?!).



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2 comentários:

  1. Muito forte!!!! Mais totalmente real...e não muito diferente de todas as outras mães...Nossas história dão novela, não acha?? Na minha opinião esse miolo (a Tatiana)não deve ficar na lista de prioridades por último, pois SEM MIOLO, não há outras camadas. Ele (o miolo) é a sustentação de todas as outras e por isso, merece um carinho e uma atenção maior. Beijos.

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    1. Tava relendo esse post, amiga... e veja... depois de 4 anos do nascimento de Pissuca, agora finalmente acho que posso dizer que priorizei o meu MIOLO.. rs... saudades de você.

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